Macaxeira e Charque com Jesus

Nosso bate papo matinal traz desta vez uma deliciosa macaxeira com carne de charque assada. Iniciamos falando sobre as hierarquias eclesiásticas. Disse o Nazareno: “Pois é, camarada Trajano, os grandes líderes religiosos esqueceram-se do reino dos pequeninos”.

Disse eu: Nazareno, meu amigo, já falei pro senhor que as coisas mudaram.

 Hoje em dia, só os grandes têm vez e voz e, acima de tudo, poderes para mandar, desmandar, ditar e promulgar leis sagradas que regem toda vida cristã. “E é assim?” O Nazareno, curvou a cabeça, dizendo: “Estou desatualizado mesmo. Quer dizer que apesar de tudo ainda usam o nome do meu Pai?”

Nazareno, meu amigo, já disse que as coisas estão modernas. Já não se usa mais de misericórdia e, nem tampouco, de amor a vida. O Nazareno olhando para mim, disse: “Trajano, e o sermão da montanha? Disse eu: mestre, as montanhas estão mais altas.

A macaxeira estava uma delícia, o Nazareno comia bastante. Conversa vai e conversa vem, o assunto acerca da sua volta é tocado. O Nazareno pergunta: “Trajano, as igrejas estão mesmo preparadas para a minha volta?” Disse eu timidamente: rapaz, estão mais preparadas com as estruturas terrenas viu! O negócio é construir, investir pesado em templos, televisão e rádios. “Oxente!” Se assustou o Nazareno. “Mas, eu ensinei que os verdadeiros adoradores adorariam em espírito e em verdade, até mesmo dentro de um quarto ou em qualquer lugar onde estivesse dois ou três. Meu Pai dos Céus!"

O Nazareno se preocupou bastante com essa conversa. Quando pensa que não, o assunto desemboca no viés dos costumes. O Nazareno não acreditou na extremidade dos legalismos existentes. “Quer dizer que andam segundo as aparências?” Perguntou meio que nervoso o Nazareno. É Nazareno, as coisas são de acordo com o exterior. Aquilo que o senhor falou acerca das pessoas que o honram apenas com os lábios, parece funcionar muito bem por aqui.

O Nazareno não acreditou no que estava ouvindo. Então exclama: “E como fica a história de que o reino do meu Pai está dentro dos corações? Onde estão os meus ensinamentos?” Mestre, já disse que tudo se modernizou; já não se faz uso das pregações como antigamente. “Quer dizer Trajano que as igrejas estão preocupadas com os estereótipos, pompa, vaidade e ostentações mirabolantes?” Nazareno, parece que sim viu!

O café começara a ficar mais saboroso. A macaxeira com charque lembrou prosperidade. Disse eu: meu irmão camarada, o senhor sabia que lhe seguir hoje em dia significa ser próspero? Disse o Nazareno: “Como é a história rapaz?” É isso meu amigo. O nazareno coça a cabeça dizendo: “Meu Pai, como isso pode acontecer? Onde estão os pobres das bem-aventuranças?”

O papo tava começando a ficar bom! De prosperidade acabou desembocando em demônios. O Nazareno se sentiu em plena disputa com o capeta. Disse o Nazareno: “Trajano, por que os cristãos falam tanto no anjo caído? Às vezes me sinto como se estivesse em uma partida de futebol, mas sempre o meu adversário é mais visto e aplaudido do que Eu. Por que será isso? Chamam mais por ele do que por mim, até o entrevistam”.

Nazareno, meu amigo; o negócio é dar audiência e telespectadores, tendo isso o negócio rende pra burro. O Nazareno ficou impressionado com as telinhas e ondas radiofônicas geradoras de status quo e muito saldo bancário em nome do seu Pai.

Êita! A carne de charque acabou! O papo fica pro próximo café.

Adriano Trajano

Pastor da Igreja Batista em Chã Preta/AL

Fonte: http://pastoradrianotrajano.blogspot.com/