domingo, 23 de janeiro de 2011

NINGUÉM É SANTO (PARTE 2)

Prosseguindo com a afirmação de que ninguém é santo, aqui estamos mais uma vez tentando nos livrar dessa antropologia “otimista” impregnada na mente eclesial humanamente criada.

Há outras passagens bíblicas que sempre nos chamaram a atenção, dentre elas: Mateus. 23: 25-28 (As aparências nos enganam sempre), Marcos. 6: 6-7 (corações distantes de Deus),
Mateus. 7:1-2 (Não julgueis as pessoas), Gálatas. 6: 1 (Coração manso), Romanos. 14-15 (Respeito, tolerância e compreensão para com os fracos na fé), Gálatas. 6: 2 (espírito solidário), Mateus. 11: 29-30 (o jugo de Jesus é suave), Romanos. 12: 15 (chorai com os que choram) e Romanos. 12: 12 (Paciência na caminhada). Infelizmente, ainda há muita gente difundindo a velha teologia medieval, a qual apresenta Deus como um ser castigador, justiceiro, intolerante, presunçoso e senhor opressor dos pecadores.

Precisamos entender que a santidade absoluta de Deus, sua justiça e inconformismo com as ações humanas más não representa punições severas, nem tampouco, condenação ao fogo eterno, pelo contrário, as más ações humanas, elas mesmas, por si só, nos acusam e nos condenam a colhermos aquilo que nós plantamos na vida, ou seja, com nossas próprias palavras seremos justificados ou condenados (Gálatas. 6: 7-8; Mateus. 12: 35-37)). O Evangelho de Lucas. 6: 27-38 nos ensina que só seremos perdoados se perdoarmos, pois que recompensa teremos se amarmos apenas quem nos amam? Jesus nos desafia a querermos bem até mesmo aos nossos inimigos.
De vez em quando somos desapontados (as) com aquelas pessoas que mais veneramos e admiramos tudo isso é fruto da construção de mitos que passamos a adotar, graças à estética socioreligiosa imposta pela nossa herança missionária a base de um status quo, detentor de uma moral hipócrita, conforme soa o velho refrão: “Faças o que eu digo, mas não faças o que eu faço”. Concordo plenamente com o título do artigo do Dr. Jung Mo Sung[1]: “De perto, ninguém é santo/normal”. Lamentavelmente aprendemos a criar “heróis” e “heroínas” da fé. Certa vez fui mal compreendido ao afirmar que Jesus de Nazaré nunca foi, tampouco pretendeu ser “herói”. Sinceramente não consigo enxergar o Senhor Jesus como um herói, pelo contrário, o percebo como gente nossa, Palavra encarnada, o peregrino humilde, pacato, cheio de amor, perdão e sentido pra vida. Longe das classificações dicionárias, percebo Jesus não como um “herói” criado no laboratório socioreligioso, mas como o ser mais ético da história humana, exemplo de vida a ser seguido.

Mesmo diante dos acontecimentos que nos desapontam, não cabe a nós julgarmos a culpabilidade, responsabilidade ou grau de inocência das pessoas que por um momento “caíram em tentação”, mas procurarmos entender que cabe somente a Deus julgar a nós mesmos (as), pois somente Ele conhece nosso íntimo e sabe o que se passa em nossa mente uma vez que o nosso Deus não vê como os olhos humanos vêem geralmente acompanhados de condenação plena (1 Samuel. 16: 7). Diferentemente do Profeta Isaias, o fato é que nem sempre reconhecemos que somos impuros e sujeitos aos deslizes da fé (Isaias. 6: 5). Nunca me esqueci de uma frase que ouvi no Recife em uma das palestras do Teólogo Leonardo Boff: “Mesmo que mil dedos de apontem em riste te condenando... se tua consciência não te acusou, ninguém poderá te condenar...”.
Afinal, como reza a cultura popular: “quem tem sua boca fala o que quer e entende”. Acrescento: quem tem seus olhos vê o que ninguém vê.
Adriano Trajano
Pastor da Igreja Batista em Chã Preta/AL

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